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Gil Eanes – O escudeiro


Quem foi Gil Eannes, o Escudeiro?

Gil Eanes, conhecido originalmente por Gil Eannes, nasceu em Lagos e habituou-se a ver o mar e a navegar nele. Este, foi um navegador português do século XV, que ficou conhecido por ter dobrado o Cabo Bojador em 1434, logo, acabou por ser algo bastante marcante na história dos descobrimentos portugueses.





Gil Eanes era o nome do escudeiro de D. Henrique que, numa simples barca, afrontou e venceu o obstáculo que representava o Cabo Bojador de além do qual ninguém voltava.

Passou-o e regressou à corte do Infante com a prova na mão: um ramo de flores, como as da arménia que habita nos nossos recifes litorais, e a que deu o nome de “rosas de Santa Maria” em honra daquela que os portugueses fizeram padroeira de África em 1415.



A História de Gil Eanes como Navegador

Em 1433, recebeu de D. Henrique a capitania de uma barca com o objetivo de dobrar o cabo que marcava o limite conhecido da Costa Ocidental Africana.

Numa primeira tentativa, partiu e chegou às ilhas Canárias onde fez alguns subservientes e acabou por regressar ao reino, sem ter alcançado o Bojador. Com o conhecimento, os meios e os instrumentos disponíveis naquela altura, a tarefa sugerida não iria ser assim tão simples como parecia.

O cabo era rodeado de recifes e envolto quase sempre em nevoeiro, assimilava aos olhos dos navegadores, quer cristãos, quer muçulmanos. O mundo conhecido, acabava ali, naquelas águas ferventes, habitadas por monstros marinhos, tal como diziam as lendas. Muitos marinheiros, arriscaram a sua vida por uma viagem bastante perigosa, na qual falhavam sempre.

O historiador Damião Peres, com base numa carta régia do século XV, diz-se que realizaram 15 tentativas em 12 anos e nenhuma capaz de vencer o Bojador, até 1434. O infante D. Henrique, estava convencido que o mundo não acabava ali e insistiu a Gil Eannes para voltar a fazer-se ao mar. “Daquela viagem- escreveu o cronista Gomes Eanes de Zurara- inferiorizando todo o perigo, dobrou o cabo a além, onde achou os elementos, que era muito ao contrário de que ele e os outros achavam”.

O escudeiro do Infante, dobrou o cabo e navegou algumas milhas além do Bojador, até angra dos Ruivos, isto, comprovando que a teoria do Infante, de que o mundo não acabava ali. 
Contundo, invés dos monstros, encontrou uma terra desolada e deserta e como prova que ali chegou, colheu algumas rosas silvestres e trouxe consigo as rosas de Santa Maria.

Esta boa nova permitiu que os portugueses continuassem a escrever a epopeia dos descobrimentos marítimos. Um ano depois, Gil Eanes e Afonso Gonçalves Baldaia, navegaram mais para sul, passaram o trópico de câncer e chegaram ao que se presumia ser o rio do ouro.

A passagem do Cabo Bojador

Conta a história que, em 1434, após uma primeira tentativa fracassada, o navegador português Gil Eanes aparelhou uma barca de 30 toneladas, com um só mastro, uma única vela redonda, parcialmente coberta e movida a remos e uma tripulação era de apenas 15 homens.

Seguiu viagem até chegar ao Cabo do Medo, 
outro nome dado para o Cabo Bojador. Após avistar o Cabo, decidiu manobrar para se afastar da costa africana e quando menos esperou, percebeu que tinha passado o Cabo Bojador e o havia deixado para trás.

Ao chegar nas proximidades do temido cabo, decidiu manobrar para oeste afastando-se da costa africana. Após um dia inteiro de navegação longe da costa, deparou com águas plácida e ventos amenos, e então dobrou para sudeste e logo percebeu que havia deixado o Cabo Bojador para trás. Foi uma manobra extremamente corajosa e inovadora, pois, devido às limitações dos barcos da época, estes se mantinham sempre nas proximidades da costa.


Gil Eanes foi aquele que, como diz o poeta, passou "além da dor" para passar o Bojador.


Bojador: um obstáculo mais mental do que físico

Considerado um dos marcos mais importantes da navegação portuguesa, a passagem do Cabo Bojador derrubou velhos mitos medievais e abriu caminho para os grandes descobrimentos e para a quebra do monopólio árabe no rico comércio das especiarias da Índia. A passagem para o Bojador mostrou que a maior barreira à navegação era mental e não física, era o medo, e não os recifes, que impediam o acesso aos ricos mercados da Ásia.

O mito do Cabo Bojador

As lendas falavam em mais de 12.000 tentativas fracassadas. Muitos acreditavam que os ventos dali em diante sopravam para o sul, impedindo o retorno a Portugal, rumo norte, outros pensavam que ali o mundo terminava e a neblina era o resultado da evaporação das águas que ferviam ao cair no inferno lá em baixo.

Também as lendas diziam que nos mares estavam monstros marinhos e remoinhos gigantescos e ferozes. Dizia-se haver grandes tesouros guardados por dragões ferozes e gigantes que entravam no mar e destruíam os navios.

"
X. Mar Português

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas foi nele que espelhou o céu.
"
Fernando Pessoa
Mensagem. Segunda Parte: Mar Português. X. Mar Português.


O Gil Eanes Escudeiro e o Navio Gil Eannes

O principal motivo da relação entre o Gil Eanes Escudeiro e o Navio Gil Eannes, foi por uma homenagem. Decidiram atribuir esse nome ao Navio como homenagem ao primeiro navegador a dobrar o Cabo Bojador.

Quando Portugal entrou na Grande Guerra (Primeira Guerra Mundial), apresou os navios alemães que estavam no Tejo, escolheu para navio-apoio o Lahneck e deu-lhe o nome de Gil Eannes. A magia do nome atuou! Não só o regime republicano foi justificado pela atuação de Portugal na Guerra, mas também a frota pesqueira portuguesa adquiria o estatuto de frota com navio de apoio.

Quando o velho Gil envelheceu, fez-se um novo nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Chamado de Navio Hospital Gil Eannes, construído em 1955, como navio de apoio com instalações frigoríficas e de telecomunicações e, particularmente, com instalações hospitalares.

Foi um novo bojador que se dobrou.

Hoje é um Navio Museu, que procura manter viva a história e a memória da importante e gloriosa missão que desempenhou durante 18 anos, nos mares da Terra Nova e Gronelândia.


Texto elaborado por Ana Valente, aluna da ESMAIOR, em contexto de estágio na Fundação Gil Eannes (2021-2022).
Conteúdos retirados da brochura "Gil Eannes"da Câmara Municipal de Viana do Castelo e da Comissão Especial Pró Gil Eannes de 1997; Do artigo da
Ensina RTP; e do artigo do Blog Criatividade e Arte.