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Fundação Gil Eannes Fundação Gil Eannes
11.09.2017

"O Tributo"

Na passada quarta feira, dia 6 de setembro de 2017, a bordo do Navio Gil Eannes, ocorreu uma sessão comemorativa de tributo aos tripulantes do arrastão português “Águas Santas” pelo resgate executado ao jovem pescador francês de dezasseis anos apenas, Jean Baptiste, do navio “Colonel Pleven”, ainda vivo, e também presente neste evento.

Naquele que seria mais um dia de trabalho, igual a tantos outros, este marinheiro caiu ao mar, na sequência de uma manobra de recolha das redes de pesca que terminou mal. Andou à deriva durante quarenta minutos, quando foi avistado pelo “Águas Santas” que se encontrava a pescar muito perto do navio francês, ambos no Golfo de São Lourenço, costa ocidental da Terra Nova.

Nesta sessão, Jean Baptiste recordou emocionado a aflição por que passou, na primeira quinzena de março de 1959...

“Só via o “Colonel Pleven” a afastar-se cada vez mais de mim e eu na água”... “Perdi a noção do tempo”.... “Vi, depois, uma massa negra a aproximar-se. Era o “Águas Santas”. Pensei: vem procurar-me”... “Arriaram uma baleeira do navio com dois homens e vieram até mim”... “Depois não me lembro de mais nada”. Levado para o “Águas Santas” onde recebeu os primeiros cuidados pelo enfermeiro a bordo, foi mais tarde transferido para o “Colonel Pleven”: - Subi ainda meio dormente pela escada do quebra costas para bordo do meu navio, e o imediato Michel Galvini disse para me despir tendo de seguida passado água de colónia por todo o meu corpo para me aquecer. - Estás novo! Agora toca a vestir porque há muito trabalho no convés!...”, conta o homem que tem consciência que deve a vida aos amigos portugueses.
A comitiva de Saint Malo, França, era constituída pela direção da Associação Mémoire et Patrimoine des Terre-Neuvas e de um representante dessa autarquia francesa.
 
Neste evento reviveram-se momentos emotivos, contados na primeira pessoa pelo náufrago. Estiveram presentes na cerimónia alguns dos sessenta e oito tripulantes do arrastão “Águas Santas”. Entre os poucos que ainda vivem, Alfredo Vasconcelos Presa de Vila Praia de Âncora, José Jacques de Alvor e José Alberto da Ericeira. Em São Jacinto, mais tarde, teve ainda oportunidade de conhecer um dos pescadores que o salvou, Manuel Bola e Henrique Brandão, irmão de Abílio Brandão (o outro homem que o salvou).
 
Para que esta homenagem se efetivasse foi necessária uma intensa pesquisa levada a cabo por Aurora Rego, investigadora do Município de Caminha, desde fevereiro de 2016. Através das fichas dos homens do mar no arquivo do Grémio dos Pescadores foi identificada a naturalidade destes marinheiros, desenvolvendo-se, de seguida, inúmeros contactos que culminaram na descoberta dos protagonistas desta história.
 
O Presidente da Fundação Gil Eannes, José Maria Costa, salientou, na sua intervenção, a importância do reconhecimento destes atos heróicos, frisando sentir-se muito orgulhoso por este momento estar a ser recordado a bordo do “Gil Eannes”, também ele, um “notável” que salvou muitas vidas.
 
A Fundação Gil Eannes associa-se, desta forma, a esta efeméride evidenciando o contributo que os portugueses, e o próprio navio hospital “Gil Eannes”, tiveram na Faina Maior.
 
A Fundação Gil Eannes
08 de setembro de 2017





 
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